terça-feira, 23 de abril de 2013

Transcendência?

Por Carlos Chagas

Este artigo faz parte da série O que é ser cristão? Caso queira acessar o índice clique aqui.

Hoje todos andam em círculos. O jeito moderno de coexistir trouxe o humanismo tecnológico evolutivo e o humanismo sócio-revolucionário que de nada serviram a não ser para identificar que houve um problema e que a solução estava, de longe, a ser praticada. 

O que fica como aprendizado é que jamais se pode inclinar a falsas alternativas e polarizações da sociedade hodierna tentando para um “quem sabe” novo porvir. Tal sonho se demonstrou ser um pesadelo o qual não pode mais vir à tona. Aquilo que diz respeito a domínio mostrou que o homem é perfeito para a arte de disciplinar muitas coisas, mas somente a si próprio é que ficou totalmente a desejar. O homem busca conquistar o mundo inteiro ameaçando perder sua própria alma. Vê-se que a maldade humana também se destaca na sociedade tecnocrática onde a liberdade, dignidade e responsabilidade humanas ficam ameaçadas. 

Naturalmente agora fica claro que não cabe ao homem apenas transcender o eclesiástico e teológico, mas também sua própria autonomia e regulamentação da atividade buscando assim um transcender teórico e prático. 

Teóricos conseguiram provar que a luta do homem pela emancipação dele da igreja ou de forças até então controladoras fez com que houvesse uma substituição de poderes, os quais buscaram fazer as mesmas coisas que os poderes anteriores faziam. A busca por liberdade fez com que o homem visse sua própria liberdade ser aprisionada por si próprio enquanto libertava o mundo. Agora cabe ao homem desconfiar dos demais e de si próprio uma vez que, em potencial, é capaz de retirar a liberdade de qualquer um inclusive de si. 

A crítica humanista buscava excluir qualquer possibilidade metafísica para a solução dos problemas do homem. Mas o que se vê é que na sua esfera de ação não houve progressos. A hominização acontece, mas a humanização está longe. Assim, não seria possível reconsiderar a dimensão realmente outra, que não é encontrada na esfera humana para a solução dos problemas? Não deveria haver um retorno à metafísica? Ao transcendente? Eis alguns indicadores: 

- Como o humanismo não conseguiu evitar problemas como sofrimento, desgraça, dor, morte e outros, os quais abalam o homem, tematiza a questão da transcendência e com ela a questão da religião; 

- A tentativa do humanismo de provar que questões como sentido, morte, culpa, e outros, que eram consideradas questões que correspondiam à falta de trabalho, solidariedade de luta, existência dialógica ficou um tanto quanto inexplicado e, assim, reabre-se a chance do sentido da religião; 

- A valorização da religião pela psicanálise ao defender a ideia de cura e autoidentificação também legitima a religião. Segundo alguns psicanalistas devido a queda de religiosidade houve um aumento da falta de orientação, ausência de normas e de sentido, típicas dessa época. 

Além da importância da ciência e cultura também está em pé de igualdade a religião emergente desse novo estilo de vida que nasce. Esta nova forma religiosa que surge desse novo mundo que a rodeia busca agora domesticar a tecnologia, desenvolver novas capacidades, nova independência e responsabilidades individuais, e novas formas de relações e convívio. Porém será como aprender a andar. Esta religião deve ter paciência e não se esquecer das bases para que a dinâmica de aquisição de novos valores não venha a tropeçar. 





Para voltar ao índice clique aqui

Para continuar com o estudo clique aqui.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não esqueça de comentar esta postagem. Sua opinião é muito importante!